WHO´S #1?
O caminho mais curto é apertar o play e ver os 11 capítulos.
O mais difícil começa aqui...
Eu praticamente aprendi a andar, jogando futebol, com meu irmão. Ele sim, fissurado por bola, nasceu 1 ano antes de o Brasil ser tricampeão mundial.
Nos anos 80, já no Rio, mudamos para um condomínio no Lins - ZN que tinha uma área de lazer imensa, quase um clube de futebol ao ar livre, onde a bola rolava de manhã até a noite. Todos os dias.
Quando não havia gente suficiente para uma partida, jogávamos outras modalidades como dupla de praia, 1 toque, cruzamento, gol na caixa e controle.
Eu gostava muito de cruzamento e gol na caixa, pois treinava minha mira/chute/reflexos, mas gostava ainda mais do controle, onde todos tinham um objetivo comum de manter a bola no ar o maior tempo possível.
Se alguém dissesse que o tal controle se tornaria uma febre, não só na cidade, mas em todo país e que eu seria um dos ícones do esporte, eu diria que tudo não passaria de um sonho.
Pra começar, deixei o futebol de lado cedo, porque além de truculento, envolvia disputas de ego, reclamações, cobranças e discussões desnecessárias e isso tudo me enchia o saco.
Zico saiu de cena. Eu fiz o mesmo.
Daí fui surfar, andar de skate. Acabei o colégio e me formei designer gráfico na UFRJ.
Morei em Sampa, voltei pro Rio, quase desisti do design, voltei a morar em SP,
trabalhei numa puta agência e "sabotei" minha melhor oportunidade no mercado até então.
Voltei pro Rio disposto a viver. Mergulhei de cabeça no ócio criativo. Reencontrei meu irmão.
Criamos a guapuruvu.com e fomos parar em Ipanema. Lembro muito bem de olhar pra galera jogando altinha e não sentir a menor vontade, porque, apesar de mais dinâmico, o jogo não era muito diferente do que eu havia jogado nos anos 80.
Eu só queria voltar a desenhar. De repente, tava fazendo campanha ambiental com minha arte, em prol da praia, entre outras atividades.
E o moleque que tinha desistido da bola tão cedo, acabou a reencontrando em Ipanema.
Tive a sorte de poder "voltar", jogando ao lado de uma das poucas meninas praticantes na época. A BBC batizou-a de Pelézinha, passando por aqui pra registrar a "febre" na cidade,
Foi numa altinha com ela e um desconhecido que tudo mudou pra mim. Eu não tinha a menor pretensão de ser um grande jogador. Tava feliz de botar a bola no ar.
O moleque, que tinha metade da minha idade, teve a péssima idéia de me mandar "mergulhar". Quando te falam isso, é porque você está atrapalhando e é bem provável que eu estivesse atrapalhando o jogo deles, mas não vi aquela "barração" com bons olhos.
"Me dá 6 meses..." joguei essa bomba e mergulhei.
Eu não só "aprendi" do jeito deles, como também comecei a puxar meus limites. E registrar.
Em maio de 2009, publico o primeiro filme no YT. O jogo? Nada demais, mas já vale pelo cenário e trilha sonora.
O segundo, "THE NEW SCHOOL - same game, but different", lançado em outubro de 2009, como já diz o nome, aponta pra uma nova direção na altinha.
Jogar e filmar vira rotina entre 2010/2011. Até surgir a idéia da websérie. Já filmávamos direto, por que não?
A WEBSÉRIE
Nosso objetivo, ou pelo menos o meu, era registrar nossa evolução e servir de referência, pra quem quisesse aprender. Além de captar flagrantes inusitados no dia a dia da praia.
Começamos a gravar em 2, mas combinamos que qualquer pessoa poderia participar, desde que soubesse jogar. Quanto mais gente envolvida, maior a propaganda....3 temporadas depois, buscando novas fórmulas, mudando nome, a audiência não chega.
Já entendemos que o mais importante é registrar. Um exemplo é o HELICÓPTERO, manobra /trick que eu inventei, captado pela primeira vez nas gravações da websérie. Ainda assim, me sinto frustrado com o resultado, afinal o objetivo que nos levou a iniciar o projeto, muitas vezes não se cumpre.
Como eu também perco horas editando, lanço o ultimato pra BC: jogamos só nós dois ou
ele dirige e edita, enquanto eu só me preocupo em jogar.
MUDA TUDO
A 4ª temporada (ALTINHA ABENÇOADOS) traz duas novidades: nós dois, jogando por 4 e uma trilha sonora nossa, feita de maneira mambembe - hoje chamam de DIY - mas que não ficou tão mal, levando em conta que tocávamos e cantávamos, o que escrevemos, num só take. No mesmo quarto.
Na base do fórceps nasceu o GUAPURUVU ATOMICO. BC, o irmão mais velho, se auto declara líder, mentor e diretor musical da banda. Todo mundo tá jogando melhor, mas com essa "responsa extra" na parte musical, ele está com o ego nas alturas.
Evoluímos e consolidamos nosso estilo em 4 temporadas. Um ciclo se fecha com merecidas férias. A websérie pausa até segunda ordem.
É a primeira vez em anos que jogamos sem qualquer preocupação e isso se reflete não só no próprio jogo, mas também no nosso astral/convivência.
Tanto que, ainda em 2015, de tão expert nos sharks e no jogo em 2, inventamos o "Dois Irmãos" - um shark, batendo de frente pro outro, devolvendo a bola pro jogo.
PXE, BC e "os próprios", executando um "Dois Irmãos"
Teoricamente, é impossível voltar com ela depois dessa trick apenas em 2, mas isso não nos impede de tentar várias vezes e dar várias risadas.
Nosso jogo está tão à frente do nosso tempo, que eu proponho uma nova temporada e já solto o nome...
ALTINHA 2020!
Gravando em HD pela primeira vez, com um IPHONE 4s e pouquíssimo espaço, o jeito é não perder tempo. É a primeira vez que filmamos com uma luz "boa"- agora é possível saber quem é quem e isso faz toda a diferença.
Na trilha sonora, o app continua, mas também existem instrumentos reais: guitarra, trompete, trombone, teclado...e isso não quer dizer que sejam bem tocados.
Decidimos não cantar - ufa! - mas acabamos "lançando" um estilo musical, ALTINHA MUSIC, com um disco de 10 tracks, todos com direito a clips - clips não, visualizers...rs, tudo filmado e editado por mim.
Perto do que fazíamos antes, o resultado final da 5ª temporada acaba agradando. Finalmente, mostramos nosso jogo e fica mais fácil aprender vendo, em 2 velocidades, outra "novidade", inspirada pela edição no YT.
BOOM!
2017 é ano que acontece tudo. A altinha explode, o Coqueirão lota. Todo mundo quer fazer bonito. Nosso jogo passa batido, mas tem gente contabilizando em cima do que vinhamos jogando há anos.
Começa a rolar um êxodo. Enquanto uns vão, lançamos mais uma campanha ambiental, pra conscientizar os novos frequentadores.
O Coqueirão é implodido. Todo mundo rala e deixam a chave do point conosco. Sem ninguém pra disputar espaço, nosso jogo dá um salto quântico.
Já tinhamos tentado gravar em 2018, mas decidimos fazer algo especial no ano que completaríamos 1 década.
VOANDO BAIXO
2019. 10 anos jogando altinha. É hora de deixar o Coqueirão pra difundir nosso estilo - a ESCOLA CARIOCA - em outras praias. E registrar!
A idéia é boa, mas nos sobrecarrega em todos os sentidos. Paramos de gravar após 10 capítulos. Só voltamos em 2020, mas acabamos parando de novo por causa da pandemia.
Os 20 capítulos, gravados entre 2019 e 2020, resumem o melhor material que já produzimos nos últimos tempos. Do jogo às questões técnicas - cenário, fotografia, luz...Também não parece óbvio, mas existe uma história.
Como há tempo de sobra, resolvo me dedicar de corpo e alma, pra criar uma identidade visual à altura do que jogamos/produzimos.
Redescubro o photoshop e mergulho de cabeça no mundo da animação. É um processo longo e complicado, e pra dificultar mais ainda, faço tudo à moda antiga, com lápis, borracha, caneta e papel.
Sem qualquer idéia de prazo, vou matando etapa por etapa. O que eu esperava acabar em 1 ano, acaba demorando pela própria dificuldade em se fazer tudo sozinho. Só pra ter uma noção, a abertura, que não dura mais que 20 s, levou 3 meses pra ficar pronta.
Valeu pela inspiração, Filipinho!
BC já não aguenta mais esperar pelo lançamento e ainda temos que fazer a trilha sonora. Por ele, já estaríamos ensaiando e testando, mas não consigo me envolver, pois estou 100% focado em acabar o que comecei. É o processo.
Eu sei que nosso som poderia ser muito melhor se tivéssemos tempo de produzí-lo com mais calma, gravando e mixando tudo num software, como milhares de músicos fazem hoje no mundo, mas optamos por criar várias atmosferas instrumentais em algumas semanas de ensaios, que na edição, se encaixaram perfeitamente com o som das praias.
2023. Não há mais nada a fazer a não ser lançar a 6ª temporada.
Tiro o peso de um planeta das minhas costas e me sinto realizado como jogador, por fazer parte desse divisor de águas, e como designer, por ter criado algo tão especial e diferente de tudo que já foi produzido na altinha e por que não dizer, na minha vida.
Deu trabalho à vera, mas também deu prazer. Agora é com vocês!
Aperte o play e boa viagem!