16 de março. Saí às duas horas da tarde pra pintar. Quando pus os pés na rua, a chuva chegou forte. Esperei o sinal abrir e fui num gás só, me refugiando debaixo das marquises que encontrei mas acabei completamente encharcado, só de esperar pra atravessar a Nossa Senhora. Tão perto e tão longe, dezenas de pessoas se aglomeravam diante do paredão, onde encontrei duas janelas encostadas. Abri a escada e joguei a sacola com as tintas no chão, arranquei a camisa que se grudava ao meu corpo e tratei de movimentar as janelas dali com minhas próprias mãos, mas logo apareceu o responsável, que me poupou esse trabalho.
Finalmente, subi a escada sem camisa, com algumas latas
verdes pra fazer os primeiros rabiscos de spray na copa da árvore, até então no
latéx. Depois do verde, subi mais uma vez com o preto e o vermelho pra fazer as
maçãs. A chuva caía cada vez mais forte e quem se escondia debaixo da
marquise, aproveitava pra olhar a arte mais de perto.
A esquina começou a encher até a altura do joelho e disso eu
sabia porque de vez em quando virava o pescoço pra ver quem se aventurava. Logo aquela
água escura foi chegando mais perto de mim, através de pequenas ondas formadas pelos
veículos maiores, sempre acompanhadas pelos gritos medrosos dos que não arredavam o pé dali. Subi mais uma vez com o verde pra retocar os traços externos
das maçãs. A água chegava cada vez mais perto, me obrigando a pendurar a sacola
na escada. Por sorte, já não precisava movimentar tanto e concentrado num único
lugar da escada, dei o acabamento no tronco da árvore com diferentes tons de
marrom através do stencil em forma de triângulo.
A chuva deu uma trégua e já não havia mais o que fazer com
as tintas que eu tinha levado. Guardei tudo e saí sem fotografar, já que a rua
continuava alagada. Andei pela Nossa Senhora até a Bolívar, onde encontrei um
espaço menos alagado e fácil de atravessar com a sacola cheia de tintas e uma
escada de 2 metros.
Cheguei em casa 10 minutos depois e a chuva voltou a cair
forte. Por volta das 17:30, as ruas estavam secas e não se via uma gota caindo do céu. Aproveitando a última luz do dia, voltei no paredão pra fotografar e
remontei-o no photoshop, para planejar as próximas investidas. Repeti esse
ritual nos dias seguintes e me dei conta que já vinha fazendo esse registro
desde o primeiro rabisco e achei que seria válido publicar a evolução desta arte,
que no final, se tornou muito mais do que eu podia imaginar.
17 janeiro (Gabi Linhares)
26 janeiro
29 janeiro
8 fevereiro
21 fevereiro
13 março
16 março
17 março
21 março
AGRADECIMENTOS FINAIS:
Walter e todo mundo da Jopar, Gabi Linhares, Henrique e todo mundo da
banca BNS, a rapaziada do Kicê, Priscila Lima, Seu Inácio, Edvaldo e Dona
Heloísa, Iuri Kramer, Santa Roots, Projeto Sublime e cada pessoa que passou ali
pra bater um papo, elogiar ou simplesmente contemplar a arte.
Que todos os muros virem telas!
PS: Confira a primeira vez da arte "Busker" nas ruas ao som de Criolo!
PS: Confira a primeira vez da arte "Busker" nas ruas ao som de Criolo!
2 comentários:
Parabéns Pxe! Ficou incrível! Que honra ter participado mesmo só um pouquinho. Adorei!
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