27 de jun. de 2014

Arte e fumaça, explanando geral!

Muita gente ainda torce o nariz quando o assunto é maconha (inocentes). Outros, nem querem saber (mais inocentes ainda) mas em contrapartida, muita informação é gerada nos dias de hoje, pra acabar com a ignorância generalizada, herança da falida guerra às drogas. Falando em informação, só nesta semana, colaborei com dois nomes da cena canábica carioca: o Jornal Canábico e a Revista Maconha Brasil. 

 

Marcha da Maconha do Rio de Janeiro 2014

A rapaziada do JC já havia me pedido um cenário algum tempo atrás, e finalmente saiu, no sábado passado. Passei mais de 1 hora no buzum,  pra ficar diante da melhor vista do Rio de Janeiro e algumas quadras depois, cheguei no estúdio. Fizemos a cabeça enquanto acertávamos os últimos detalhes pra pintura e munido de 10 latas e alguns stencils com a folha da maconha, fiz uma arte 100% freestyle numa parede virgem, enquanto tudo era registrado pela câmera do JC. Depois da larica, a noite veio e tive que arrematar a arte com a luz acesa. O resultado agradou a todos e surpreendeu ainda mais quando apagamos a luz. Só estando lá pra entender o que vimos. 

Baixe o wallpaper da parede toda 1680x1050 px:
http://www.mediafire.com/view/txqcmp3ay0ep52y/PXE_JC4.jpg


Abro o Comentando os Comentários de Junho e o JC estréia o novo cenário

A história da MACONHA (como muitos carinhosamente chamam a Revista Maconha Brasil) desenrolou num bate-papo durante o coquetel de lançamento da edição #1. Um dos editores da revista me pediu uma ilustração que mostrasse alguém cheio de idéias só de ler a revista, “a mesma chapação criativa despertada pela erva”, perguntei.

 Torrando com Tomazine #121 - lançamento da revista



Tirei uma foto minha de referência, mas só aproveitei a expressão/enquadramento e viajei no nonsense desde o começo, usando as luvas do Mickey no lugar das mãos (as roupas do Bob Esponja cairam como uma luva, mostrando o corpo inteiro do personagem e só vieram no layout final). O black power me fez lembrar de um personagem dos lendários Harlem Globetrotters e assim objetos de universos distintos, começaram a brotar da cabeleira de um cidadão inspirado ao ler a MACONHA. A escova de dentes foi incluída  porque além de ser importante na higiene pessoal, tinha a forma perfeita para preencher aquele espaço.



PXE x Slightly Stoopid

A Slightly Stoopid passou por aqui em maio e a convite de Zack (ou DJ Z), um amigo e fã de carteirinha da banda, fiz a arte do poster da mini tour brasileira. Como eu só conhecia um ou outro som, entrei no slightlystoopid.com e ouvi todos os discos. Um mês depois, Z trouxe toda a discografia dos caras (7 cds) e passei a semana inteira ouvindo a SS. Logo surgiu o concurso de estampas pra SummerSessions (uma turnê cheia de convidados de peso - StephenMarley, CypressHill e NOFX) com direito a um prêmio de 750 doletas e 2 ingressos.

Não me empolguei em participar inicialmente mas conferindo o nível das estampas apresentadas, vi que tinha alguma chance e voltei a ouvir aquela bateria de cds para criar uma estampa redonda, fechada com o conceito da banda. Já tinha percebido antes, mas foi nessa vez que me liguei que os caras tinham várias músicas falando sobre maconha, do primeiro ao último disco lançado. Isso me fez lembrar a quantidade de artistas que já falaram sobre o assunto abertamente, usando sua música pra espalhar uma imagem positiva da erva. Bob Marley, Ziggy Marley, Slightly Stoopid, Cypress Hill, Peter Tosh, Planet Hemp, Nação Zumbi, Marcelo D2, Sublime, Oriente, Cone Crew Diretoria, Cacife Clandestino, Ayahuasca, Cidade Verde, Mateus Pingüim, Camaradas Camarão, Seiva Roxa, Manu Chao e por aí vai...


SYSTEM
Brasil X JAMAICA!

O meu primeiro contato com a erva foi em SaQuarema, no começo dos anos 90, aos 17/18 anos. Fui surfar em Itaúna com os amigos e ao sair da água, me deparei com uma sereia deitadinha na areia. Trocamos uma idéia rápida e combinamos de encontrar na praia, para a queima de fogos. Exatamente à meia-noite, ela apareceu e nos beijamos pela primeira vez. Depois de um rala e rola básico na areia, voltamos pra encontrar a família dela. Um primo se juntou a nós e trouxe consigo um baseado molhado, trazido clandestinamente no carro do pai. Fomos pro Mauna Loa, um bar tradicional de Itaúna. Chegando lá, ficamos na praia e eles perderam um bom tempo tentando acender esse baseado molhado numa fogueira gigante, sem sucesso. Como eu não fumava maconha, não compreendi o sofrimento deles (rs) e a primeira vez foi adiada pro meu aniversário de 19 anos. Fumei pouquíssimas vezes durante a faculdade, mas fumei no clássico “bosque” e noutros lugares e ocasiões especiais, moderadamente. Só aos 32 virei maconheiro de verdade, aproveitando pra aposentar de vez velhos hábitos como beber álcool e refrigerante, comer carne e fast/junk food, etc. Comecei a freqüentar a Marcha da Maconha a partir de 2010 e desde então, tenho militado mais ativamente em prol da legalização dessa erva medicinal milenar, equivocadamente mal vista/interpretada nos últimos 70 anos.



Curti minha adolescência sem fumar maconha e acho que ela não fez falta alguma. Mas hoje, aos 40 anos, me sinto bem à vontade quando uso e mesmo sabendo que ela aguça minha criatividade, espero a inspiração surgir naturalmente.

Algum gnomo certamente sumiu com minha seda enquanto me dedicava a estas linhas, então vou aproveitar pra finalizar esse papo, parafraseando Pepe Mujica, presidente do Uruguai, primeiro país a legalizar totalmente a maconha.

“As drogas não são boas pra ninguém, mas é preciso legalizá-las”




O universo da MACONHA é infinito....

Esqueci de alguém?


Gaviotas (ou gaivotas). O último PXE nas ruas...
Baixe o wallpaper:
http://www.mediafire.com/view/sdemm1zhiczok1e/PXE_gaviotas_1680x1050.jpg



Um comentário:

Hempadão disse...

Boa iniciativa, PXE!
Você é o cara, man!
Parabéns por respirar arte em tempo integral e ainda apoiar a causa o quanto pode!
Tamo junts!
Abraço,